"Os sinais são ténues, mas parecem apesar de tudo
suficientemente fortes para acreditarmos que alguma coisa pode mudar.
A palavra formação passou, de novo, a fazer parte dos
discursos no futebol português.
Em parte pela pior das razões: não há dinheiro.
Que seja. Os números ainda não o demonstram (como se viu no último derby, o menos português de sempre), mas parece evidente que em breve passará a ser maior o número de futebolistas portugueses na Liga. Os adeptos estão prontos para apoiar o que é português, os clubes não terão outro caminho (ontem no Paços de Ferreira-V. Guimarães, 14 dos 22 jogadores que entraram de início eram portugueses). Haverá menos negócio, o que será mau para alguns mas bom para as finanças dos clubes e para o futebol português como um todo
Em parte pela pior das razões: não há dinheiro.
Que seja. Os números ainda não o demonstram (como se viu no último derby, o menos português de sempre), mas parece evidente que em breve passará a ser maior o número de futebolistas portugueses na Liga. Os adeptos estão prontos para apoiar o que é português, os clubes não terão outro caminho (ontem no Paços de Ferreira-V. Guimarães, 14 dos 22 jogadores que entraram de início eram portugueses). Haverá menos negócio, o que será mau para alguns mas bom para as finanças dos clubes e para o futebol português como um todo
A coincidência entre a falta de dinheiro e a formação das
equipas B foi feliz. Só isso permitiu que nomes desconhecidos somassem minutos
nos jogos maiores. Quando jogou em Glasgow, pelo Benfica, a presença de André
Almeida era um ponto de interrogação, motivo de preocupação. Hoje André Gomes é
algo mais que os adeptos do Benfica utilizam para incomodar os rivais de
Alvalade, durante anos o único clube que podia utilizar a palavra formação
sabendo o que dizia.
A competição regular é enorme fator de desenvolvimento e as
equipas B estão aí para o provar. Indiretamente, fizeram subir a atenção
prestada à II Liga, o que terá feitos positivos sobre todo o edifício do
futebol português, no curto prazo.
Que o Sporting tenha contratado para manager uma pessoa que
acredita na formação, Jesualdo Ferreira, é outro ponto muito positivo.
Na Federação Portuguesa de Futebol estão a ser dados passos
muito importantes. Sem mediatismo, mas mexendo nas entranhas do bicho: as
seleções jovens, o fomento do futebol (investindo dinheiro e reformulando as
competições) e os campeonatos menores. É aí que muito terá de ser jogado. Como
lembrava Fernando Gomes esta segunda-feira de manhã, o número de praticantes em
Portugal é três vezes menor do que a média europeia. E sete vezes menor do que
na Holanda, por exemplo. Isto só mudará com investimento, atenção e qualidade
de trabalho. Tudo coisas que começam a existir na FPF.
O que falta então? Mais trabalho, foco e uma Liga que
seja forte e passe uma mensagem clara no período que aí vem, o da avaliação das
contas dos clubes. É fundamental que ninguém encontre caminhos de fuga. Os
tempos são duros, mas só existe um futuro para o futebol português: apostar na
formação e assim baixar a massa salarial. No fundo, criar jogadores continua a
ser, como sempre foi, mais barato e potenciador de maiores receitas. Durante
anos isto foi esquecido porque dava jeito que fosse esquecido. Esse tempo
acabou."
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